sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Estado Paralelo no Rio

Boa ou má, parece que essa investida é no mínimo interessante...

Movimentos nas favelas do rio começam a ganhar bastante força no combate ao tráfico de drogas, o que não se sabe ainda é até quando este movimento pode continuar crescendo e se ele pode ou não se tornar uma ameaça a sociedade assim como as organizações do tráfico de drogas.

Leia:


RIO - Os jornais "O Globo" e "Extra" trazem reportagens neste domingo mostrando o crescimento das milícias nas favelas do Rio de Janeiro. Segundo a reportagem do "Globo", a cada 12 dias, uma favela dominada pelo tráfico é tomada por milícias no Rio. O fenômeno é coordenado por agentes de segurança pública, políticos e líderes comunitários, como diagnostica relatório elaborado há dois meses pelo Gabinete Militar da prefeitura do Rio. Informações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança ressaltam que, em apenas 20 meses, o número de comunidades dominadas por esses grupos saltou de 42 para 92. A Prefeitura do Rio calcula que 55 comunidades estão em poder destes grupos.

— Este avanço dessas Autodefesas Comunitárias (ADCs) mostra que o combate ao narcovarejo nas comunidades não é uma questão sofisticada, mas de presença da polícia e de motivação — afirma o prefeito Cesar Maia.

Ocupações só são possíveis com apoio das comunidades

Formadas por policiais e ex-policiais militares, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares, muitos deles moradores das comunidades, essas milícias passaram a empregar a estrutura do estado como base para suas ocupações. Segundo o comandante do Bope, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, a expansão desses grupos só é possível com apoio da população local e a participação informal de parcela das unidades policiais dessas regiões:

— O policial faz vista grossa no momento da invasão, se ausentando do local. Depois que a milícia se instala, o policiamento retorna, desta vez para impedir o retorno dos traficantes. Este é um fenômeno que vem de dentro do poder — diz o comandante, que há três anos vem estudando o problema.

Para explicar a eficácia das milícias na expulsão do tráfico de drogas de comunidades carentes, o coordenador do Gabinete Militar, coronel Marcos Antonio Amaro, cita em seu relatório um exemplo bastante simples:

— Um menor flagrado com maconha pelo PM fardado é preso em flagrante, conduzido à DP, assume o compromisso de comparecer posteriormente em juízo, ganha liberdade imediata e retorna à favela, onde reincidirá no crime. Já o menor flagrado com maconha por integrantes da "mineira" recebe imediatamente um corretivo físico e psíquico. É encaminhado à presença dos pais e ameaçado de morte, caso seja reincidente. O Estado tem que agir dentro da legalidade, enquanto que a milícia, não.

Moradores apóiam proibição do uso de drogas nas favelas

"O Globo" ouviu moradores de comunidades dominadas por grupos formados por integrantes das forças de segurança. Embora reclamem dos valores das taxas, sete dos dez moradores — todos os nomes citados são fictícios — acreditam que a presença das milícias diminui a sensação de insegurança.

O principal aspecto ressaltado pelos moradores está no fato de os milicianos não permitirem o uso e venda de drogas nas favelas dominadas, evitando que as crianças vejam cenas de pessoas se drogando. Outro ponto citado nas conversas como positivo está relacionado ao fim dos tiroteios entre grupos rivais ou mesmo policiais, o que geralmente resulta em vítimas inocentes de balas perdidas.


A inspetora Marina Maggessi, deputada federal eleita, não acredita que todos os moradores de favelas dominadas por grupos para-militares sejam obrigados a pagar taxas de "proteção". Ela alimenta a polêmica ao afirmar que as milícias são, em sua maioria, um movimento de reação da massa policial, que também vive em favelas, "tentando resgatar sua dignidade e ao mesmo tempo proteger sua família e a comunidade"

- Todo rico tem segurança privada. E o dono da segurança é um coronel ou delegado que subcontrata os praças. A segurança do pobre é a milícia. Seja o policial fardado trabalhando, seja a segurança que o coronel contrata para o condomínio ou seja a milícia, os atores são os mesmos — argumenta Marina.

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Milícias formadas por policiais, ex-policiais, bombeiros, agentes penitenciários e militares já expulsaram traficantes de comunidades pobres das zona oeste e norte, invadiram e ocuparam 3 das 17 favelas do complexo da Maré (zona norte), começaram a fechar ruas nos subúrbios e agora chegam à zona sul do Rio de Janeiro.

Semanas atrás, síndicos de 45 edifícios do Leme (extremidade esquerda de Copacabana) receberam por escrito a proposta de adotar um esquema de proteção 24 horas por dia.

A proposta, assinada por um sargento aposentado da Polícia Militar, oferece segurança (seis agentes por turno de seis horas) em quatro ruas próximas à favela do Chapéu Mangueira.

Ricardo Moraes/Folha Imagem

Adesivo alusivo ao Batman, símbolo usado por milícia de policiais na zona oeste do Rio



O motivo da oferta, de acordo com o documento, é "o grande índice de criminalidade" na área. O policial cita os crimes cometidos: "furto, roubo, tráfico e uso de entorpecentes".

O sargento estipulava o dia 28 passado como data-limite para a aprovação da proposta. Só então diria aos "clientes" o preço da taxa de segurança. Mesmo assim, já estipulava a data do pagamento: entre os dias 15 e 19 de cada mês.

Após consultar condôminos, os síndicos recusaram a proposta e denunciaram o policial, que está sendo investigado pela corporação. Embora aposentado, o sargento trabalha no serviço interno do 9º Batalhão, em Rocha Miranda (zona norte).

Cabe a essa unidade patrulhar parte de Jacarepaguá (zona oeste), região que é uma espécie de paraíso das milícias, onde controlam todas as favelas, exceto Cidade de Deus.

A ação miliciana na zona oeste começou no fim dos anos 70 na favela Rio das Pedras, perto da Barra da Tijuca, a primeira a ter o tráfico expulso. Em troca era cobrada taxa de segurança. A prática se espalhou na região e hoje as milícias substituem o tráfico. Nas zonas norte e oeste, milicianos cobram de moradores e comerciantes por segurança, pelo uso dos serviços de transporte alternativo (van, Kombi, mototáxi), por botijão de gás e pelas ligações clandestinas de TV a cabo, o "gatonet".

Para se estabelecer, a milícia tem representantes nas comunidades, geralmente policiais que moram lá. Com a ocupação, chegam outros milicianos. Os traficantes são ou mortos ou expulsos, segundo relatos.

Assim como o tráfico, a milícia usa o assistencialismo como meio de angariar a simpatia do morador. Nesse final de ano, nas comunidades do Quitungo e Guaporé (zona norte), a milícia anunciou que distribuirá cestas de alimentos no Natal e brinquedos para as crianças.

Conquistados recentemente, a favela do Quitungo e o conjunto Guaporé são conhecidos no subúrbio pela presença ostensiva do grupo miliciano autodenominado "Os Galáticos".
Seus integrantes são policiais e ex-policiais que moravam na área, aproveitaram o enfraquecimento do tráfico para se impor, convidaram colegas com experiência de ações semelhantes em outras áreas e dizimaram os criminosos.

Na região, o comentário é que pelo menos 20 rapazes envolvidos com o tráfico desapareceram. A polícia não confirma; diz que não há registro oficial de desaparecimentos e que nada está sendo investigado.

Na região de Campo Grande, na zona oeste, um outro grupo miliciano se destaca. Eles são conhecidos com "Os Justiceiros". Seu símbolo é o Batman. Os membros da milícia costumam vestir roupas com a estampa do personagem.

Nos carros, pregam adesivos também alusivos ao super-herói. O chefe da milícia, de acordo com os moradores, tem um apelido na região: Mata Rindo; é um policial civil.

Outro lado

Para a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio, investigações não concluíram pela existência das milícias. O secretário do governo Rosinha Matheus (PMDB), Roberto Precioso, não quis falar. A pasta disse, em nota, que "averiguações abertas não encontraram provas que confirmassem denúncias de que policiais integrariam as ditas "milícias'".

Diz a nota que duas averiguações e uma sindicância da Polícia Militar não reuniram "provas materiais ou testemunhais de envolvimento de PMs".

Na Polícia Civil, há "investigação em andamento que apura suposta participação de agentes lotados numa delegacia da zona norte". "Face à gravidade do assunto, as duas corregedorias estão orientadas a acolher e investigar, com todo o rigor, o surgimento de novas denúncias."

O comando do batalhão de Jacarepaguá foi proibido de falar. O porta-voz da PM, tenente-coronel Aristeu Tavares, disse que "quem tem a competência constitucional para apurar delitos de natureza comum é a Polícia Judiciária [Civil]. Cabe à autoridade de Polícia Judiciária Militar apurar delitos de natureza militar, o que não é o caso solicitado."

O comandante do 18º batalhão, tenente-coronel César Lima, disse que não é errado policiais que moram em favela expulsarem traficantes em autodefesa.㎟

2 comentários:

  1. Ow, muito bacana mesmo!!!
    da proxima rola só um compacto né!?

    ...e eu achando que era o unico que queria se vestir de batman e sair fazendo a lei nas favelas!!!

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  2. zzzzZZZZZZZZZZZZ

    Que tamanho de texto!!

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